28 de jan. de 2015

Razão, Sensibilidade e Descobertas

                                       
Foto by http://janeausten.com.br/


Me surpreendo a cada dia comigo mesma, a cada novo momento uma nova descoberta, uma nova esperança, um novo sentimento. Eu, logo eu que sempre me julguei donas dos meus sentimentos mas incapaz de dominá-los, sempre fui conhecida como a chorona e sensível. É, as coisas mudaram, se é que um dia foram como eu pensei que fossem. Descobri essa suposta mudança nas páginas de Razão e Sensibilidade da Jane Austen.



    Quando me debrucei nas páginas dos primeiros capítulos já tinha em mente que Marianne Dashwood, "a sensível" seria a "minha personagem" aquela que tem muito de mim pra compartilhar comigo. E assim aconteceu exatamente como eu esperava até que algo em Elinor Dashwood "a racional" me fez parar e pensar um pouco em quem eu sou e no que eu mesma penso sobre mim. Todo o sentimentalismo exagerado de Marianne não me pareceu mais parte da minha identidade, nunca fui de deixar os meus sentimentos falarem mais alto, assim como nunca deixei que eles transparecessem para os outros tão facilmente, talvez os mais próximos percebam uma preocupaçãozinha ou outra, mas nada que me faça me isolar do mundo, chorar descontrolavelmente o que apenas aumenta o sofrimento e faz com que os outros sofram comigo. Exatamente como Marianne fez quando descobre os sórdidos segredos do seu amado Willoughby.

    Agora com convicção afirmo que prefiro Elinor, ela que antes me parecia uma chata pro estar sempre refreando os sentimentos da irmã, hoje se mostra muito mais.... eu! principalmente por ser sensata, pensar sempre na melhor coisa a fazer para que as pessoas que ela ama não saiam prejudicadas, e estar disposta a ajudar quem precisar da sua confiança e seus conselhos, mesmo que essa confiança toda acabe em sua maior decepção.

    Elinor me surpreende mais ainda quando demostra um defeito que compartilhamos, sofrer calada, tentar aguentar o mundo inteiro nas costas mas mesmo assim se manter aparentemente intacta, assim ela o fez quando descobre o infortúnio que pairava sobre seu amor por Edward Ferrars. Elinor sofre, mas mesmo assim não demonstra, sofre o tempo todo sozinha sem poder compartilhar as suas dores com ninguém, pois não queria causar sofrimento e preocupações em quem ela ama. Além disso em meio a todo esse silencioso sofrimento a moça ainda tem que cuidar de Marianne, partilhar do sofrimento da irmã e por vê-la sofrer aumentar o seu próprio sofrimento.


     Mas ao final de tudo, quando todos estão a beira do final feliz e o ambiente seguro, Elinor, assim como eu, deixa de lado o escudo da razão e se envolve nas doces vestes do sentimento. Foi nesse sutil momento em que você vira a última página do livro e começa a sentir saudade da sua companhia, eu descobri que por incrível que pareça Razão e Sensibilidade sabia muito mais de mim do que eu julgava saber. Talvez eu ainda teria muitas outras coisas a descobrir, ou minha descoberta seja muito mais pessoal, seja fruto daqueles momentos entre você e o livro, algo que ninguém vai poder sentir igual, algo que só você pode descobrir.

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