Dia desses, encontrei um livro, na estante daqui de casa, que eu nem lembrava que tinha. Chama-se
A LITERATURA INGLESA,
de ninguém menos que Anthony Burgess, autor do livro que, depois,
virou filme: Laranja Mecânica.
Falo
assim, com essa naturalidade, mas, quando peguei o livro, nem me
passou pela cabeça que Anthony Burgess fosse autor daquela história que
está mais para Quentin Tarantino do que para Jane Austen (*).
Esse
livro, A LITERATURA INGLESA, é um pequeno manual sobre
a literatura do Reino Unido, que traz um resumo da sua história e
dos seus principais autores, falando desde a época da Bretanha
(província situada mais ao noroeste do império romano) até os
romancistas da Commonwealth, após a Segunda Guerra Mundial. É um
livro prático, sucinto e gostoso de ler. Bom para ter uma visão
geral de uma das melhores e mais ricas literaturas do mundo.
Se eu
não penso em Jane Austen quando falo em Laranja Mecânica, o
mesmo não acontece quando falo em “literatura inglesa”. De cara,
os dois nomes que me vêm à cabeça são: Jane Austen e Shakespeare,
nessa ordem.
Pois
fiquei curiosa para saber o que o autor do desconcertante Laranja
Mecânica falou sobre nossa querida escritora. Os comentários
dele, transcrevo aqui:
-
(...) seus romances têm um frescor e humor que faltam
lamentavelmente em (Walter) Scott, uma delicadeza que podemos apreciar
melhor do que o estilo grandiloquente dele. Como a primeira mulher
que se tornou romancista importante, está acima dos movimentos
clássico e romântico.
-
(...) os grandes movimentos históricos que explodiam lá fora pouco
significavam para ela, e as guerras napoleônicas mal chegam a ser
mencionadas. O interesse primordial de Jane Austen está nas pessoas,
não nas ideias, e seu êxito reside na apresentação
meticulosamente exata das situações humanas, no delineamento de
personagens que são efetivamente criaturas vivas, com defeitos e
virtudes, tal como na vida real.
-
(...) Tem senso de humor e criou uma galeria de retratos cômicos
ricos e sutis.
-
(...) Sua prosa flui com facilidade e naturalidade, e seu diálogo é
admiravelmente fiel à realidade.
Já
mais para o final do livro, quando Burgess faz um tópico sobre
“Mulheres romancistas”, novamente ele a reverencia:
-
(...) Podemos observar (...) que o século XX foi a grande época das
mulheres romancistas, embora nenhuma delas se aproxime do gênio
demonstrado por Jane Austen.
Quem
leu meu texto da semana passada (AQUI), pode anotar mais um homem de
talento que gostava de Jane Austen. E o que mais me chamou a atenção,
no caso de Anthony Burgess, é que ele, capaz de escrever uma
história como a da Laranja Mecânica, tinha sensibilidade
para gostar de Jane Austen e a reverenciar como uma das melhores
romancistas da Literatura Inglesa.
Até
segunda-feira que vem!
Yours
faithfully,
Rebeca
Miscow
(blog:
Desanuviando)
(*)
Eu não li o livro Laranja Mecânica; só vi o filme, então,
meus comentários são baseados no filme, que me deixou bastante
impressionada na época em que o assisti.
Nossa, que post interessante!
ResponderExcluirEstá aí uma coisa que eu nunca imaginaria: que Anthony Burgess admirasse Jane Austen.
Amei! <3
Beijo!
Eduarda, do Maquiada na Livraria