6 de jul. de 2015

O QUE "LARANJA MECÂNICA" TEM A VER COM "JANE AUSTEN"?


(cena do filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick)


Dia desses, encontrei um livro, na estante daqui de casa, que eu nem lembrava que tinha. Chama-se A LITERATURA INGLESA, de ninguém menos que Anthony Burgess, autor do livro que, depois, virou filme: Laranja Mecânica.

Falo assim, com essa naturalidade, mas, quando peguei o livro, nem me passou pela cabeça que Anthony Burgess fosse autor daquela história que está mais para Quentin Tarantino do que para Jane Austen (*).

Esse livro, A LITERATURA INGLESA, é um pequeno manual sobre a literatura do Reino Unido, que traz um resumo da sua história e dos seus principais autores, falando desde a época da Bretanha (província situada mais ao noroeste do império romano) até os romancistas da Commonwealth, após a Segunda Guerra Mundial. É um livro prático, sucinto e gostoso de ler. Bom para ter uma visão geral de uma das melhores e mais ricas literaturas do mundo.

Se eu não penso em Jane Austen quando falo em Laranja Mecânica, o mesmo não acontece quando falo em “literatura inglesa”. De cara, os dois nomes que me vêm à cabeça são: Jane Austen e Shakespeare, nessa ordem.

Pois fiquei curiosa para saber o que o autor do desconcertante Laranja Mecânica falou sobre nossa querida escritora. Os comentários dele, transcrevo aqui:

- (...) seus romances têm um frescor e humor que faltam lamentavelmente em (Walter) Scott, uma delicadeza que podemos apreciar melhor do que o estilo grandiloquente dele. Como a primeira mulher que se tornou romancista importante, está acima dos movimentos clássico e romântico.
- (...) os grandes movimentos históricos que explodiam lá fora pouco significavam para ela, e as guerras napoleônicas mal chegam a ser mencionadas. O interesse primordial de Jane Austen está nas pessoas, não nas ideias, e seu êxito reside na apresentação meticulosamente exata das situações humanas, no delineamento de personagens que são efetivamente criaturas vivas, com defeitos e virtudes, tal como na vida real.
- (...) Tem senso de humor e criou uma galeria de retratos cômicos ricos e sutis.
- (...) Sua prosa flui com facilidade e naturalidade, e seu diálogo é admiravelmente fiel à realidade.

Já mais para o final do livro, quando Burgess faz um tópico sobre “Mulheres romancistas”, novamente ele a reverencia:

- (...) Podemos observar (...) que o século XX foi a grande época das mulheres romancistas, embora nenhuma delas se aproxime do gênio demonstrado por Jane Austen.

Quem leu meu texto da semana passada (AQUI), pode anotar mais um homem de talento que gostava de Jane Austen. E o que mais me chamou a atenção, no caso de Anthony Burgess, é que ele, capaz de escrever uma história como a da Laranja Mecânica, tinha sensibilidade para gostar de Jane Austen e a reverenciar como uma das melhores romancistas da Literatura Inglesa.

Até segunda-feira que vem!

Yours faithfully,
Rebeca Miscow
(blog: Desanuviando)

(*) Eu não li o livro Laranja Mecânica; só vi o filme, então, meus comentários são baseados no filme, que me deixou bastante impressionada na época em que o assisti.


Um comentário:

  1. Nossa, que post interessante!
    Está aí uma coisa que eu nunca imaginaria: que Anthony Burgess admirasse Jane Austen.
    Amei! <3
    Beijo!
    Eduarda, do Maquiada na Livraria

    ResponderExcluir

Comentários são sempre bem vindos.
Marque a opção Notifique-me para receber a resposta ao Comentário.
Se quiser que eu responda por email, não se esqueça de deixá-lo aqui.
Se encontra algum erro no blog por favor nos avise!
O Comentário estará Disponível Após Moderação.

Quer deixar seu link? Use essa Dica

Topo